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PSICOTERAPIA INFANTIL: INSEGURANÇA - GRUDAR-SE ÀS PESSOAS - AGRADOS EXCESSIVOS



De acordo com a literatura, o termo “inseguro” é largamente empregado para descrever crianças que se comportam de muitas maneiras distintas. O dicionário define esta palavra como “não a salvo do perigo, sentir mais ansiedade do que parece justificado, desprotegido”.


Nas sessões de psicoterapia é comum vermos crianças inseguras, embora elas tenham muitas formas diferentes de expressar essa insegurança. Às vezes algumas crianças literalmente se grudam às pessoas, fazendo assim com que estas se afastem. Quando isto ocorre, tentam grudar-se ainda mais.


- Estas crianças agarram fisicamente as pessoas como para mitigar seus sentimentos de insegurança e fazer com que se sintam mais protegidas.


- A criança (ou adulto) que sente a necessidade de apegar-se fisicamente aos outros possui um senso tão vago de si própria que se sente bem apenas quando pode fundir-se com outra pessoa. Ela existe apenas em estado de confluência com outra pessoa. Para ela, estar separada é um conceito estranho e assustador. Ela não sabe onde começa e onde acaba. Confunde-se com os outros, na sua intensa necessidade de uma identidade. (Oaklander, 1980)


- Trabalhar com estas crianças envolve experiências progressivas do fortalecimento do seu senso de si próprias. Precisamos trazer a criança de volta a si mesma, apresentá-la a si mesma, dar-lhe uma identidade que possa reconhecer.


- Podemos principiar com atividades sensoriais; passamos depois para exercícios físicos e jogos que envolvam uma familiarização com sentimentos, auto- imagem, e imagem corporal; e finalmente integramos tudo isto com experiências que envolvam fazer escolhas, expressar opiniões, determinar suas necessidades, vontades, coisas de que gosta e de que não gosta, e aprender a tornar conhecidas verbalmente as suas necessidades, vontades e opiniões.


A medida que trabalhamos, emerge material a ser elaborado, pois esta criança não é uma não entidade; é um ser humano real, vivo, importante e único, que até então tinha se perdido. Uma vez começando a se encontrar, suas capacidades de contato melhoram até ela não sentir mais a necessidade de grudar-se a outras pessoas. Esta atitude era sua forma anterior de sobreviver; agora ela possui outras opções, outras formas de ser.


Crianças que percorrem longos caminhos para agradar os adultos, e que aparentemente são obedientes demais, possuem sentimentos similares de insegurança. Elas buscam aprovação de uma forma que com frequência é altamente reforçada pelos adultos em suas vidas.


Não é incomum ver adultos que ainda vivem de acordo com esses padrões infantis, que nunca conseguem dizer “Não” a alguma coisa, que parecem nunca ter uma opinião ou ideia própria, que são compulsivamente obedientes e “bonzinhos”, a ponto de os acharmos bobos e não termos vontade de estar com eles.



Aqui estamos lidando com um desequilíbrio da balança da personalidade para o lado “bom”.


Toda a criança quer aprovação; toda criança tem dentro de si essa capacidade de “ser bonzinho”, seguir instruções, fazer a “coisa certa”. Também possui dentro de si a capacidade de ficar bravo, rebelar-se, discordar, sustentar-se sobre os próprios pés e manifestar opiniões discordantes.


Precisamos ajudar a criança “boazinha demais” a encontrar-se, a encontrar dentro de si mesma os outros lados que lhe pareçam assustadores e atemorizadores. Então ela poderá escolher livremente a maneira de querer se expressar em vez de ficar aprisionada num só modo de expressão.


A criança que procura agradar excessivamente, utiliza uma quantidade demasiada de sua energia neste propósito. Está constantemente dirigindo a sua energia para fora em vez de dirigi-la no sentido de atender suas necessidades.


Cabe ao terapeuta fornecer à criança experiência de auto- expressão, pois ela modesta e reservadamente espera que você lhe diga o que fazer. As atividades efetivas serão aquelas em que seu eu possa ser identificado, realçado e apreciado. “Desenhe algo que você queira ou gosta, um lugar que você aprecia.”


É importante dar à criança oportunidade de fazer escolhas — “aqui estão dois jogos; qual vamos jogar?” Gradualmente vamos entrando em cena para ajudá-la a expressar a sua forma particular de afirmação.



Referência: Violet Oaklander - Descobrindo Crianças – A Abordagem Gestaltica com Crianças e Adolescentes. São Paulo: Summus, 1980


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