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INTELIGÊNCIA EMOCIONAL

  • Amanda Sardisco (Psicóloga/Psicopedagoga
  • 13 de jul. de 2015
  • 6 min de leitura

Segundo Jesus Junior e Noronha (2007) o termo Inteligência Emocional foi utilizado pela primeira vez no início da década de 90 por Salovey e Mayer (1990). É definido pelos autores como "a capacidade de perceber, avaliar e expressar emoções com precisão; a capacidade de acessar e/ou gerar sentimentos quando estes facilitam o pensamento; a capacidade de entender as emoções e o conhecimento emocional e a capacidade de regular emoções para promover o crescimento emocional e intelectual" (Mayer, Salovey & Caruso, 1997, p. 10). O conceito foi mais amplamente divulgado na comunidade não científica por meio do livro de Daniel Goleman (1996), levando a muitos a impressão de tratar-se de uma ideia nova. Contudo, apesar do interesse em torno deste assunto ter sido intensificado mais recentemente, na verdade alguns conceitos que envolvem a Inteligência Emocional já se mostravam presentes em estudos ao longo de todo o século XX.


Foi a partir de dois dos tipos de inteligência, identificados nas inteligências múltiplas, que se iniciou o estudo da Inteligência Emocional (IE). Segundo Goleman (2001) “a IE é “a capacidade de identificar nossos próprios sentimentos e os dos outros, de motivar a nós mesmos e de gerenciar bem as emoções dentro de nós e em nossos relacionamentos.” Ou seja, se resume ao conceito das inteligências interpessoal e intrapessoal, que se referem respectivamente à identificação de nossos próprios sentimentos, nos motivarmos e gerenciarmos bem as emoções dentro de nós e reconhecermos os sentimentos dos outros e gerenciarmos nossas emoções em nossos relacionamentos.


Santos (2000) considerou que a inteligência emocional ajuda a compreender e analisar as emoções e a empregar o conhecimento emocional, pois permite rotular e reconhecer as relações entre as palavras e as emoções em si, e permite inferir os significados que as emoções transmitem, como o fato de que a tristeza quase sempre acompanha uma perda, e de que a raiva quase sempre se acompanha de frustração. Permite compreender sentimentos complexos como o ciúme, considerado uma mistura de amor, medo e raiva, e o espanto, combinação de medo e surpresa. Permite compreender e reconhecer transições entre emoções como da raiva para a satisfação, quando alguém enraivecido se vinga de outra pessoa.


Continuando o pensamento de Santos (2000) finalmente permite a inteligência emocional o controle reflexivo das emoções para promover o crescimento emocional e intelectual, quando a pessoa se mantém aberta a seus sentimentos, agradáveis ou desagradáveis, podendo se envolver com eles através da reflexão ou se distanciar deles, desviando a atenção para outros objetos de pensamento. A capacidade de monitorar suas emoções reconhecendo suas utilidades e suas influências em sua vida, enfim a capacidade de administrar a emoção em si mesmo e nos outros, através da moderação das emoções negativas, desagradáveis e da valorização das positivas, agradáveis, sem reprimi-las.


Assinala Santos (2000) que a educação emocional implica em desenvolver no educando o autoconhecimento, a autoconsciência, a nível psicológico e somático. Em desenvolver a capacidade de identificar e reconhecer suas emoções e sentimentos, avaliando suas intensidades, e as expressões corporais correspondentes, no momento em que ocorrem. A controlar suas expressões emocionais, a aprender a monitorar seus impulsos e a adiar suas satisfações. Faz parte da educação emocional o desenvolvimento da empatia, capacidade de reconhecer corretamente as emoções do outro e de compreender seus sentimentos e perspectivas, respeitando as diferenças com que as pessoas encaram as coisas, permitindo convívio harmônico com o outro.


Sendo assim de acordo com a literatura a atenção primordial da educação emocional deve dirigir-se para emoções e sentimentos que mais interferem no comportamento social do indivíduo, tais como raiva, tristeza, medo e suas assemelhadas: ira, fúria, ressentimento, mágoa, revolta, desânimo, desalento, desesperança, depressão, ansiedade e preocupação. Deve dirigir-se também para emoções outras, tais como, prazer, amor, surpresa, nojo e vergonha.


Em se tratando de educação emocional feita na escola pode-se dizer que a mesma tem uma finalidade primordialmente profilática, preventiva: o que se pretende é que o educando adquira atitudes e habilidades que permitam a identificação e o controle de suas emoções e a prática da empatia. Partindo do princípio de que ele não é portador de qualquer patologia da esfera emocional e se caso for identificado como tal será encaminhado para o devido tratamento como já é feito nas escolas.


Gottman (1997) estabelece com base em suas pesquisas e observações, alguns elementos básicos para a educação emocional. Postula ele cinco passos sequenciados:


1. Perceber a emoção na criança.

2. Reconhecer na emoção uma oportunidade de intimidade ou aprendizado com o educando e de transmissão de experiência.

3. Escutar com empatia, legitimando os sentimentos da criança.

4. Ajudar a criança a encontrar palavras para identificar a emoção que ela está sentindo.

5. Impor limites, e, ao mesmo tempo, ajudar a criança a resolver seus problemas.

Estabelece como princípio a necessidade do desenvolvimento da consciência emocional do educador, que deve estar consciente de seu universo emocional. Ele deve fazer um trabalho de autoconscientização de suas emoções e de reconhecimento das emoções do outro, procurando identificá-las e analisá-las no momento em que ocorrem. A capacidade de sentir as emoções é a mesma em todas as raças, porém a capacidade de expressá-las é condicionada culturalmente, variando de um povo para outro: os japoneses e os escandinavos são auto-repressores, enquanto os italianos e os latinos são mais autênticos em suas expressões emocionais.


As pesquisas de Gottman indicam que a educação emocional deve começar no seio da família. É importante que a criança seja habituada desde cedo a expressar suas emoções e a lidar com elas, devendo para isto receber apoio e ajuda dos pais. Principalmente as emoções negativas, raiva, medo, tristeza e suas assemelhadas, senão serão adolescentes e adultos incapazes de se relacionarem adequadamente, com dificuldades de relacionamento emocional. O autor ainda traz recomendações específicas para diferentes fases do desenvolvimento da criança: para a fase do andar vacilante – de um a três anos, para a fase da segunda infância - quatro a sete anos, para a da terceira infância - oito a doze anos, e para a adolescência.


Entende o autor que o processo de educação emocional funciona como um cimento para a agregação familiar, pois sua prática, tendo como pilar a empatia, implica necessariamente em uma maior atenção dos pais para com os filhos. Tal atenção, expressão de afeto paternal, gerará uma recíproca por parte dos filhos, que reforçará os laços familiares.

Um dos princípios da educação emocional, para Gottman, é valorizar os sentimentos e as emoções do educando, permitindo-lhe que os extravasem, que os expressem livremente, sem reprimi-los. Deve, entretanto ser mostrado com clareza, os limites deste extravasamento, que são os comportamentos socialmente toleráveis. Em termos práticos, deixá-lo chorar, sem reprimi-lo, quando sentir-se frustrado. Deixar extravasar sua raiva, sua irritação sem permitir, entretanto que pratique qualquer tipo de agressão aos outros - indicar que o limite da sua liberdade de expressão emocional é a não agressão do outro, seja física, seja verbal, através de palavrões. Conforme Haim Ginott citado por Santos (2000) deve-se ensinar à criança que todos os sentimentos e desejos são aceitáveis, mas não todos os comportamentos ligados a estes sentimentos e desejos. É importante que a criança e o adolescente conheçam as regras de comportamento permitidas para que assim ele possa conhecer quais seus limites, para poder balizar suas condutas. O ideal é que o educando aprenda a respeitar voluntariamente, sem nenhuma coação, as regras de comportamento, sendo convencido a acatá-las e a cooperar com elas.


Como diz Ginott, citado por Santos (2000) o excesso de permissividade "causa ansiedade e faz com que, cada vez mais, a criança exija privilégios que não podem ser concedidos".

Complementando este pensamento Zaguri (2002), mostra que dar limites é ensinar que os direitos são iguais para todos; ensinar que existem outras pessoas no mundo; fazer que a criança entenda que seus direitos acabam onde começam os direitos dos outros; dizer sim sempre que é possível e “não” sempre que necessário; ensinar a tolerar pequenas frustrações enfim ensinar a conviver.

As crianças precisam de limites para poderem administrar os problemas do dia a dia e assim poderem se tornar adultos equilibrados. É evidente a importância do exemplo na educação emocional. Não adianta o educador emocional pregar determinado comportamento diante de determinada situação e agir de forma diferente: não adianta pregar o controle da raiva e descontrolar-se na primeira situação que o enraiveça. Kneller citado por Santos (2002), lucidamente contesta, afirmando que: "Quanto mais o mestre virtuoso presidir a prática da virtude, mais virtude o discípulo praticará".

Bicudo citado por Santos (2002) enfatiza que a exploração da aprendizagem dos sentimentos humanos é um importante caminho para a autoconscientização, representando uma ampliação do domínio dos valores do estudante. O Autor acredita que o educando só introjetará e concretizará em termos de comportamento o valor disciplina, se houver um "clima" de disciplina no meio em que ele convive: disciplina é um clima sócio emocional, sobretudo. De nada adiantará alguém recomendar comportamento disciplinado, respeito às normas, se não praticar tal comportamento.

A educação emocional, em última análise, visa a introjeção de valores no educando, os quais implicam na aquisição de determinados comportamentos emocionais desejados.



"a inteligência emocional permite o controle reflexivo das emoções para promover o crescimento emocional e intelectual, quando a pessoa se mantém aberta a seus sentimentos, agradáveis ou desagradáveis"

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